sexta-feira, 20 de agosto de 2010

Dicionário da Vida

Pequeno dicionário para se entender mais profundamente
o significado de algumas palavras muito importantes
na vida de qualquer pessoa, explicado com o sentimento,
sem a formalidade das regras gramaticais ou amarras filosóficas.


Texto de Luiz Gonzaga Pinheiro

O texto a seguir foi retirado do livro:

“O Homem que Veio da Sombra”





Adeus: É quando o coração que parte deixa a metade com quem fica.



Amigo: É alguém que fica para ajudar quando todo mundo se afasta.



Amor ao próximo: É quando o estranho passa a ser o amigo que ainda não abraçamos.



Caridade: É quando a gente está com fome, só tem uma bolacha e reparte.



Carinho: É quando a gente não encontra nenhuma palavra para expressar o que sente e fala com as mãos, colocando o afago em cada dedo.


Ciúme: É quando o coração fica apertado porque não confia em si mesmo.



Cordialidade: É quando amamos muito uma pessoa e tratamos todo mundo da maneira que a tratamos.


Doutrinação: É quando a gente conversa com o Espírito colocando o coração em cada palavra.


Entendimento: É quando um velhinho caminha devagar na nossa frente e a gente, estando apressado, não reclama.



Evangelho: É um livro que só se lê bem com o coração.


Evolução: É quando a gente está lá na frente e sente vontade de buscar quem ficou para trás.



Filhos: É quando Deus entrega uma jóia em nossas mãos e recomenda cuidá-la.



: É quando a gente diz que vai escalar um Everest e o coração já o considera feito.



Fome: É quando o estômago manda um pedido para a boca e ela silencia.




Inveja
: É quando a gente ainda não descobriu que pode ser mais e melhor do que o outro.



Inimizade: É quando a gente empurra a linha do afeto para bem distante.



Lealdade: É quando a gente prefere morrer que trair a quem ama.



Lágrima: É quando o coração pede aos olhos que falem por ele.



Mágoa
: É um espinho que a gente coloca no coração e se esquece de retirar.



Maldade: É quando arrancamos as asas do anjo que deveríamos ser.



Morte: Quer dizer viagem, transferência ou qualquer coisa com cheiro de eternidade.



Perfume: É quando mesmo de olhos fechados a gente reconhece quem nos faz feliz.

Netos: É quando Deus tem pena dos avós e manda anjos para alegrá-los.



Orgulho: É quando a gente é uma formiga e quer convencer os outros de que é um elefante.



Ódio: É quando plantamos trigo o ano todo e estando os pendões maduros a gente queima tudo em um dia.



Perdão
: É uma alegria que a gente dá e que pensava que jamais a teria.



Obsessor: É quando o Espírito adoece, manda embora a compaixão e convida a vingança para morar com ele.



Paz: É o prêmio de quem cumpre honestamente o dever.



Pessimismo: É quando a gente perde a capacidade de ver em cores.



Preguiça: É quando entra vírus na coragem e ela adoece.



Raiva: É quando colocamos uma muralha no caminho da paz.



Simplicidade: É o comportamento de quem começa a ser sábio.



Saudade: É estando longe, sentir vontade de voar; e estando perto, querer parar o tempo.



Solidão: É quando estamos cercados por pessoas, mas o coração não vê ninguém por perto.



Supérfluo: É quando a nossa sede precisa de um gole de água e a gente pede um rio inteiro.



Sinceridade: É quando nos expressamos como se o outro estivesse do outro lado do espelho.



Ternura: É quando alguém nos olha e os olhos brilham como duas estrelas.



Vaidade
: É quando a gente abdica da nossa essência por outra; geralmente pior.



Créditos

Livro: O Homem que Veio da Sombra

Autor: Luiz Gonzaga Pinheiro

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

Momento Cultural

Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos nasceu no engenho "Pau d'Arco", em Paraíba do Norte, a 20 de abril de 1884, e morreu em Leopoldina (Minas Gerais) a 12 de novembro de 1914. Em 1907, bacharelou-se em Letras, na Faculdade do Recife, e, três anos depois, mudou-se para o Rio de Janeiro, onde exerceu durante algum tempo o magistério. Do Rio, transferiu-se para Leopoldina, por ter sido nomeado para o cargo de diretor de um grupo escolar. Morreu nessa cidade, com pouco mais de trinta anos. Apesar da sua juventude, os padecimentos físicos tinham-lhe gravado no semblante profundos traços de senilidade. Augusto dos Anjos publicou quase toda a sua obra poética no livro "Eu", que saiu em 1912. O livro foi depois enriquecido com outras poesias esparsas do autor e tem sido publicado em diversas edições, com o título Eu e Outros Poemas. Se bem que nos tivesse deixado apenas este único trabalho, o poeta merece um lugar na tribuna de honra da poesia brasileira, não só pela profundidade filosófica que transpira dos seus pensamentos, como pela fantasia de suas divagações pelo mundo científico. São versos que transportam a dor humana ao reino dos fenômenos sobrenaturais. Suas composições são testemunhos de uma primorosa originalidade.

Vês! Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão - esta pantera -
Foi tua companheira inseparável!

Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora, entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.

Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.

Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!